Conforme já dissemos, o Tarô geralmente está relacionado com Sepher Yetzirah ou o Livro da Criação. Este documento, curto porém importante, pretende descrever a estrutura racional e o modo como foi criado o Universo. Entretanto, tal como acontece com todas as obras realmente iluminadas, ele não foi feito para ser lido e, sim, para servir como um estímulo à meditação.
O Sepher Yetzirah usa o simbolismo de palavras altamente abstratas para descrever aquelas energias que o Tarô descreve por meio de figuras, sendo que os elos correspondentes são as 22 letras do alfabeto hebraico. Assim, qualquer comentário sobre uma letra hebraica deve ser também considerado um comentário sobre a carta do Tarô correspondente a essa letra.
Abordar o Tarô a partir do ponto de vista do Sepher Yatzirah acrescenta uma importante dimensão ao estudo das cartas. Além do mais, o antiquíssimo documento é tão curto que essa não é uma tarefa difícil.
Comecemos pela aplicação de passagens selecionadas desse trabalho aos Trunfos do Tarô, tal como eles são tradicionalmente dispostos sobre a Árvore da Vida.
As Maternais: Ar, Água, Fogo
A partir do Espírito, ele produziu Ar e formou nele 22 sons, as letras. Três delas são primitivas, sete são duplas e doze são simples, porém o Espírito surgiu antes e está acima de todas elas.
O LOUCO é AR. Todas as outras cartas do Tarô estão implícitas nesse Ar Transicional; todas elas surgem a partir do Ar.
Letras Duplas: Planetas, Localidades, Dias, Portões, Contrastes.
O comentário inicial sobre as Letras Duplas afirma que elas recebem esta denominação “porque cada letra representa um contraste ou permutação”. Na verdade, cada uma dessas sete letras tem duas pronúncias, uma dura e outra branda.
As letras dizem a respeito, respectivamente, à Vida e à Morte, à Paz e à Guerra, à Sabedoria e à Insensatez, à Riqueza e à Pobreza, à Graça e à Indignação, à Fertilidade e à Solidão, ao Poder e à Servidão. Esses são os pares de opostos que podemos associar aos Trunfos ao Tarô correspondentes.
Estas Sete Letras Duplas apontam para sete localidades: Acima, Abaixo, Leste, Oeste, Norte, Sul e para o Palácio da Santidade, situado no meio deles e sustentando todas as coisas.
Isto descreve o Hexagrama, o qual está relacionado com as Sephiroth centrais da Árvore da Vida.
Ele criou, produziu e combinou estas Sete Letras Duplas e com elas formou os Planetas (estrelas) do Universo, os Dias da Semana, e os Portões da Alma (os orifícios de percepção) no Homem.
Logo no início, é importante considerar que, como os Planetas são atribuídos aos Caminhos, eles não são os mesmos planetas atribuídos às Sephiroth, os quais, num determinado nível, são os Chakras corporais ou os Metais dos Alquimistas. Ao MAGO, por exemplo, corresponde Mercúrio, mas este difere do Mercúrio que é o chakra terreno da Sephira Hod. Este é o que Mather chamou de “Mercúrio Filosófico”.
A compreensão desses conceitos requer um esforço hercúleo por parte daquele que pretenda abordá-los de forma puramente intelectual. A saída é fazer uma projeção astral com as cartas do Tarô. O contato direto com essas energias é a única maneira de conhecer realmente esses princípios, os quais são necessariamente expressos com frieza.
O MAGO é Mercúrio, Vida-Morte.
A IMPERATRIZ é Vênus, Paz-Guerra.
A GRANDE SACERDOTISA é a Lua, Sabedoria-Insensatez.
A RODA DA FORTUNA é Júpiter, Riqueza-Pobreza.
A TORRE é Marte, Graça-Indignação.
O SOL é o Sol, Fertilidade-Esterilidade.
O UNIVERSO é Saturno, Poder-Servidão.
Estas são as principais correspondências entre os Planetas e as cartas do Tarô, embora, conforme indicam as ilustrações, cada Signo do Zodíaco seja regido por um Planeta. Existem apenas três Caminhos na Árvore da Vida em relação aos quais não existe nenhuma referência planetária; estes são os Caminhos das Maternais. Um princípio extremamente importante baseia-se nesse fato e na disposição específica das maternais na Árvore da Vida.
As Letras Simples: Signos do Zodíaco
As doze letras simples… constituem a base dessas doze propriedades: Visão, Audição, Olfato, Fala, Paladar, Amor Sexual, Trabalho, Movimento, Cólera, Júbilo, Imaginação e Sono.
O IMPERADOR é Áries, Visão.
O HIEROFANTE é Touro, Audição.
OS AMANTES é Gêmeos, Olfato.
O CARRO é Câncer, Fala.
A FORÇA é Leão, Paladar.
O EREMITA é Virgem, Amor Sexual.
A JUSTIÇA é Libra, Trabalho.
A MORTE é Escorpião, Movimento.
A TEMPERANÇA é Sagitário, Cólera.
O DIABO é Capricórnio, Júbilo.
A ESTRELA é Aquário, Imaginação.
A LUA é Peixes, Sono.
Assim, a totalidade da condição humana está representada nos 22 Arcanos Maiores, sendo que as Cartas Maternais constituem as principais forças do espírito; as cartas das Letras Duplas são as condições opostas que afetam o indivíduo nume determinada encarnação; as cartas das Letras Simples são as atividades às quais a pessoa se dedica.
O Cubo Espaço
O Cubo do Espaço é bastante simples, ainda que seu simbolismo apresente um padrão muito diferente daquele encontrado na Árvore da Vida. Além disso, embora o Sepher Yetzirah descreva como grande precisão este Cubo do Espaço, não é fácil relacioná-lo com a Árvore! O problema é que o documento não atribui especificamente os Caminhos entre as Sephiroth, tal como os conhecemos hoje. E, como temos visto, algumas versões da Árvore não apresentam todos os 22 Caminhos.