Conhecendo a Sombra de cada carta do Tarô
Este tarô, concebido por Pietro Alligo e projetado pelos irmãos Raul e Gianluca Cestaro, foi publicado pela editora Lo Scarabeo em 2003 — quase cem anos após o lançamento do tarô criado por Arthur Edward Waite, o qual serve de base para uma releitura bastante original, tanto dos arcanos maiores, quanto dos arcanos menores.Como toda releitura, o Tarot of the New Vision traz contribuições novas para a interpretação das cartas, mas também diversos questionamentos. A proposta de Pietro Alligo de mostrar o que há nos bastidores e/ou na plateia das “cenas” concebidas por Waite, embora muito interessante, pode causar estranheza e ser encarada quase como uma heresia pelos tarólogos mais conservadores. Neste primeiro texto não entraremos no mérito dessa questão que, por si só, daria outra resenha sobre esse instigante deck de tarot. Nossa intenção aqui é apenas fazer uma avaliação inicial de suas cartas.
Antes de analisar as alterações apresentadas pelo Tarot of the New Vision, vale a pena ressaltar a irreverência de seu criador, especialmente na carta do Mago, que foi, como não poderia deixar de ser, o iniciador dessa resenha. Encontrei este Mago, acidentalmente, quando estava navegando pelos sites e blogs de tarô; achei-o extremamente divertido e bem caracterizado, embora num primeiro momento tivesse me questionado até que ponto a utilização de um tarô, cujo mago fosse abertamente apresentado como um trapaceiro, seria adequado para uso no dia a dia profissional (ainda mais sabendo que muitas vezes, especialmente na primeira consulta, alguns clientes costumam “testar” a capacidade intuitiva, ou, melhor dizendo, de “adivinhação”, do tarólogo). Lembrando a descrição do Mago por Edith Waite no livro O Tarô Universal de Waite, Ed. ISIS, pág 48, temos:“(…) o Mago é o conduto de um poder superior que domina todo o mundo material. Dado que o único que podemos ver no mundo físico é o conduto, às vezes os atos que realiza o Mago nos parecem mágicos. O nome do Mago pode parecer estranho para alguém que tem o poder real, já que a palavra “mago” evoca a imagem de um ilusionista, cujo único poder é a habilidade manual e a desorientação. Não obstante, em muitos aspectos o Mago é também similar ao ilusionista. Ele está seguro da sua destreza e de sua habilidade para produzir os efeitos que deseja. Seu poder real vem das forças externas a ele e ele não tem poder sem estas fontes, pois depende de quem está “atrás do cenário”, de modo igual ao ilusionista. Não obstante, tanto o mago como o Mago são da mesma forma importantes para seus poderes, como seus poderes são para eles. Sem um conduto, o poder em si mesmo é inútil”.