Analise sobre a diferença do mago no baralho francês e do mago no baralho inglês
As cartas de número 1 do Tarô (O Mago) dos baralhos de Marselha e o de Rider Waite tem semelhanças sutis mas que dão total significado a forma de se olhar para esse arquétipo. E da mesma forma que vemos essas diferenças nas cartas ultrapassando os contrastes da figura, entramos em uma linha de raciocínio que podemos ver facilmente em nós ou em outros nas situações de nossas vidas.
No baralho de Waite (carta da direita) temos um mago em um fundo ouro, com uma mesa cuidadosamente organizada, a vara mágica em sua mão está indicando um fluxo vertical, e o sinal em sua mão confirma esse fluxo vertical de um dos princípios do universo (assim como em cima assim como em baixo), ou seja, indicando uma dependência do espiritual, e ele (o mago) como um canal para que ele possa transforma a realidade. O mago aqui é um personagem cuidadoso, que estudou muito bem as circunstancias e para quem irá fazer as suas magias, é algo que foi treinado e estudado durante um tempo, não existe aqui o improviso ou a espontânea, é uma magia próxima a um ritual, e o resultado (os frutos, ou aquilo que nasce, se conquista a partir dessa magia) é fruto de uma disciplina. Quase não vemos aqui o caminho seguido entre o Arcano 0 (O Louco) até chegar a esse estágio. A Jornada do Herói explicada por Joseph Campbell em “Herói das 1000 faces” se assemelha as características do Mago até aqui mostrado, já que o herói principal é preparado para o grande “milagre” ao final da jornada, toda a sequência de eventos o preparou para o desfecho final, onde ele já tem o domínio de todas as técnicas e conhecimentos para a vitória.
Já no baralho de Marselha, vemos um personagem do Mago dessa vez em uma mesa com objetos diversos espalhados sem uma aparente organização e ainda com propósitos de uso duvidosos, quase como se estivessem jogados, e a vara mágica em sua mão não está em uma direção vertical e sim indicada para uma direção mais horizontal, mostrando uma capacidade (ou tendência) de agir, de fazer a “magia” de acordo com os acontecimentos ao ser redor. O mago aqui tem um ar mais solto e espontâneo, como se a “magia” a ser usada não foi pensada ou planejada cuidadosamente anteriormente, ele irá realiza-la de acordo com o momento e para quem ou qual situação surgir diante dele. Vemos inclusive uma semelhança entre o Arcano 0 e esse mago, quase como se a mesma figura apenas se sentasse ou armasse essa mesa de truques na estrada que seguia. Vemos em Jesus Cristo uma semelhança com o arquétipo do Mago de Marselha, já que os principais milagres e parábolas foram realizadas de forma espontânea (bodas de cana, acalmando a tempestade, cura de dez leprosos, etc, cego próximo a Jérico, etc).
Pessoalmente o baralho Rider Waite fala mais comigo do que outros baralhos incluindo o de Marselha, mas é notório para mim que essas diferenças entre “Os Magos” (um mais disciplinado e planejador e o outro mais espontâneo e “no improviso”) são presente em pessoas ao nosso redor e claro até em nós mesmos. Quantos de nós para nosso trabalhos espirituais levamos horas para estudos e experimentos de conhecimentos e rituais e quantos outros tem as mesmas experiências quase que espontaneamente sem necessitar do mesmo grau de disciplina quase como se fosse um dom inerente da pessoa?
O fato é que o estudo aprofundado dos arquétipos de cada carta do tarô incluindo comparações entre baralhos diferentes, nos trás reflexões e identificações que mais parecem um truque de um hábil mágico que faz desaparecer e aparecer objetos na nossa frente sem que saibamos como tal mágica ocorreu.