“O homem é filho de seus hábitos e de seu meio e não
filho de sua mistura de humores.”
Ibn Khaldum
As armas árabes são em número de doze, assim como os signos do zodíaco, com os quais guardam uma analogia. E assim como na astrologia clássica cada indivíduo pode estar marcado, em função da posição dos diversos planetas, por mais de um signo, isso acontece igualmente dentro dos princípios da astrologia árabe, ou seja, um indivíduo pode estar sujeito a mais de uma arma.
Tipos de Arma:
A primeira nós a adquirimos assim que chegamos ao mundo: é a arma de predestinação. Ela representa nossas tendências psicológicas fundamentais, o caráter que demonstramos espontaneamente em nosso meio. Dela conservaremos sempre alguma coisa ao longo de nossa vida.
A segunda está ligada ao meio social no qual nascemos e fomos criados. Segundo essa, as chances de uma pessoa não são sempre as mesmas no decorrer de sua vida. Assim também as chances de cada um. Todos os homens são iguais, mas “alguns são mais iguais que os outros”, diz a canção. Chamada arma de tendência, ou, em referência ao parentesco, arma de ascendência.
A terceira arma ou arma da sorte está simplesmente ligada ao local onde pela primeira vez vimos a luz do dia. É certamente mais fácil de se evoluir, de se progredir num local com mais possibilidades culturais do que num buraco perdido qualquer.
A arma de chegada, é a mais interessante, pois dá testemunho do caminho percorrido, das armadilhas que soubemos evitar, dos obstáculos que conseguimos suplantar. Por isso, nesta obra consagraremos a ela toda uma parte. A arma de chegada, como seu nome indica, corresponde à situação e ao modo de vida de uma pessoa no momento presente; isto faz com que ela seja de caráter provisório.
Há, portanto, doze armas individuais, numeradas de 1 a 12, que se dividem em três grupos, cada um contendo quatro armas. Dentro de cada grupo, estas armas, segundo a dificuldade de seu modo de utilização e suas particularidades, implicam um nível crescente de evolução.
O primeiro grupo contém armas brancas, cortantes, feitas para combate corpo-a-corpo; elas não demandam qualquer força em particular, mas são realmente eficazes para aqueles que sabem “atingir o coração”.
Elas, entretanto, não fazem mais que provocar feridas, deixando o inimigo ao largo para, eventualmente, até ter tempo para repousar… Portanto, é necessário aprender a utilizar-se delas. Essas armas são as seguintes:
1 — A Faca
Faca simples de cozinha, canivete ou faca com empunhadura entalhada… É uma arma de vários usos, de uso cotidiano. Pode-se matar com ela; porém, também cortar o pão de todo dia. Para utilizá-la é necessário, simplesmente, aplicação. A Faca está em analogia com o signo de Virgem.
2 — O Punhal
É uma arma já mais elaborada, mais longa que a faca, cujo próprio nome evoca a agressividade. É imaginado em mãos de uma pessoa mais decidida a servir-se dele e capaz de o fazer. Raros são aqueles que o carregam constantemente, na bolsa ou no bolso.. . Para sua utilização é necessária já uma certa quantidade de energia. O Punhal está em analogia com o signo de Áries.
3 — O Cutelo
É um instrumento de profissionais, como aqueles que talham carne em grande escala: açougueiros, salsicheiros, etc. E, antes de manusear um cutelo, eles devem dedicar-se a uma aprendizagem, sob pena de fazerem um verdadeiro estrago. Sua utilização demanda, portanto, experiência. O Cutelo está em analogia com o signo de Câncer.
4 — O Punhal Árabe
De lâmina recurva, ele é levado junto ao punho atado por correias de couro. É uma arma perigosa, com a qual faz-se um corte perpendicular no alvo, o que demanda, por sua vez, precisão, experiência e habilidade. Junte-se a isso que o punhal árabe pode ser dissimulado facilmente entre as vestes, a fim de que seja utilizado no momento exato. Assim, sua presença pode ser ignorada por mais tempo, o que acentua seu grau de periculosidade. Ele está em analogia com o signo de Escorpião.
O segundo grupo está constituído de armas de meio porte, as quais podem ser suficientes para manter um adversário à distância e servem mais à defesa que ao ataque, mais para bater ou imobilizar do que verdadeiramente matar. O ponto comum delas é… seu peso. É necessário, para a utilização delas, ter uma certa força física; mas habilidade e precisão não são necessárias, pois um bom golpe de qualquer delas, não importa onde, será suficiente para deixar um eventual adversário no chão — já provavelmente ferido!
5 — A Maça de Ferro
É a “maça d’armas”, espécie de cabo terminado por uma bola de ferro guarnecida de pontas, do qual os cavaleiros da Idade Média se serviam em torneios ou duelos. Era, por assim dizer, uma “arma de última chance”, que eles usavam quando não lhes restava mais grande coisa com que se defender. A Maça de Ferro está em analogia com o signo de Gêmeos.
6 — A Clava Rústica
É a única arma pacífica de todas as doze, já que ela não serve para outra coisa senão a defesa. Mesmo porque ninguém teria a idéia de andar com ela a tiracolo, pois seria um grande estorvo devido ao seu peso e ao seu tamanho. Em compensação, qualquer material serve para sua fabricação. São suficientes pedaços grossos de madeira e alguns pregos. É a arma das pessoas simples que se aborrecem com as contendas, mas que também não gostam que se penetre em seus domínios. A Clava Rústica está em analogia com o signo deTouro.
7 — O Machado
É a arma mais perigosa do grupo, pois com ela pode-se matar sem querer. As feridas que ela provoca são sempre terríveis. Mas não é propriamente uma arma de combate. Em verdade, trata-se, principalmente, de um utensílio de profissionais, como os açougueiros; ele é mais dissuasivo que agressivo. O Machado está em analogia com o signo de Peixes.
8 — A Corrente
Após ter sido uma arma utilizada pelos gladiadores, ela serviu, também, aos cavaleiros da Idade Média, que a usavam de duas maneiras: ou enrolando-a ao redor de si mesmos para se proteger dos golpes de seus adversários ou jogando-a contra eles, especialmente nas pernas, para desequilibrá-los. Ela é a precursora das correntes de moto, utilizadas pelos “blusões negros” rebeldes dos anos 60… A Corrente está em analogia com o signo de Libra.
O terceiro grupo comporta quatro armas de longo porte. As duas primeiras, a Espada e a Lança, são armas nobres: são necessárias provas de valor para se ter o direito de usá-las. Elas são símbolo de poder e influência. As últimas, a Funda e o Arco, são sinônimos de habilidade e de talento: quem as souber utilizar terá assegurado o sucesso. Mas estas armas têm um inconveniente: elas são impraticáveis ou francamente inúteis para o combate corpo-a-corpo. É por isso que elas implicam numa distância entre seu possessor e os oponentes. ..Elas pertencem a uma elite.
9 — A Espada
(Em algumas obras também chamada de Flecha. Mas, a nosso ver, como a Flecha é inseparável do Arco, aqui preferiremos o nome Espada, a qual também poderá ser designada como Sabre ou Florete.)
É uma arma de duelo de que se servem os cavalheiros para lavar a honra ferida ou, simplesmente, arranhada. A Espada é suscetível! E é, também, batendo de leve com a espada nos ombros que um Rei faz cavaleiros. A Espada está em analogia com o signo de Leão.
10 — A Lança
Ainda uma arma de cavalaria. É constituída por um longo madeiro encimado por um ferro pontiagudo. Ela foi fatal a Henrique II, o qual recebeu um golpe de lança nos olhos durante um torneio. Como a Espada, é também uma arma de porte honorífico. Ajuntemos o fato de que a Lança é uma arma mais decorativa que agressiva; muitas vezes serve para derrubar o adversário de seu cavalo sem necessariamente matá-lo… E era em torno de sua longa
haste que as damas, com seus longos chapéus, atavam lenços, como
testemunho de amor. A Lança está em analogia com o signo de
Capricórnio.
11 — A Funda
Uma versão elaborada do estilingue da molecada escolar, esta é a primeira arma verdadeiramente de longa distância. É a única do último grupo a não ter sido utilizada unicamente pela nobreza. Lembremo-nos de David e Golias…
A Funda, entretanto, não tem utilidade de perto e demanda uma excepcional perícia. É uma arma marginal. Ela está em analogia com o signo de Aquário.
12 — O Arco
Como a Funda, é menos ligado ao poder que a Espada ou a Lança: qualquer pessoa pode confeccionar um arco e aprender a utilizá-lo. .. poucas, no entanto, são capazes de dominá-lo verdadeiramente e saber “fazer mira”. Serve para o combate, mas também para assegurar a sobrevivência e o alimento. O Arco foi utilizado em todos os tempos e é, de todas as armas, a de maior alcance. Ele está em analogia com o signo de Sagitário.
As armas deste último grupo estão ligadas a diferentes tipos de resultados. Muitas pessoas desejam obter o êxito que elas representam. Mas o aborrecimento é que elas simbolizam, igualmente, um cume, um vértice, um lugar que é difícil de se atingir e de se manter e de onde se pode, facilmente, despencar… Isso gera tensão, inquietude. Muito preocupadas consigo mesmas, e com sua evolução social ou espiritual, essas armas do último grupo não se sentirão tão bem em sua própria pele, tão tranquilas quanto aquelas do grupo precedente.