Perfeição, Realização, Conclusão, Resolução de um problema.
Os ases, como forças primordiais, encontraram uma oposição (2) que resultou num equilíbrio entre opostos, equilíbrio este que modificou e comensurou a força primordial original (3).
Segundo Nei Naiff, neste momento (arcanos de número 4) chega-se à fase secundária. A fase primária (ases, dois e três) fala dos movimentos iniciais de um desejo e/ou realização. Agora, na fase secundária, temos de dar continuidade ao que já conquistamos.
Nada vida nada é estático; o Universo é móvel; o ditado diz “não há mal que sempre dure nem bem que nunca se acabe”. Aceitar que a vida é uma eterna mudança, um eterno ir e vir, é um dos grandes desafios que temos nesta caminhada pelo Planeta Terra. Quem nunca se viu numa situação tão boa que desejou que nunca acabasse ? Ou tremeu de medo que acabasse ? Ou, pelo contrário, se pegou numa fase tão complicada que não imaginou que um dia iria acabar ?
Aqui temos de nos referenciar ao aspecto inebriante dos arcanos de número 3. É o negócio que começa a dar lucro; o projeto que engrena; a equipe que se entende; o casamento que acontece; o emprego que chega. No 3 tivemos uma conquista, mas pela ordem natural das coisas temos que manter esta conquista, que é a tônica da fase secundária dos arcanos menores (arcanos 4, 5 e 6). E quando dizemos manter, não quer dizer se agarrar, mas saber fazer e aceitar as mudanças inevitáveis do destino, além de manter a chama original (ases) acessa.
No 4 temos então a transição entre a fase primária e a fase secundária. Neste momento, ainda temos as conquistas do passado, mas por imaturidade nos acomodamos, sem objetivos futuros. Temos então uma tendência a se agarrar ao passado, com medo da perda; nos agarrarmos a uma situação para a qual já não há mais futuro por uma questão de comodismo.
No linguajar empresarial e corporativo, esteve na moda um tempo atrás o termo resiliência. Não gosto de modismos corporativos e empresariais, pois são inventados por consultores e administradores para moldar as pessoas, que são plurais, a um padrão único que satisfaça sua cupidez por lucros e suas metas de eficiência, e também muitas vezes para fazerem com que aceitem como certas e modernas mudanças que, na verdade, vão lhes prejudicar a vida. E são modismos, extremamente fugazes — ficam na moda por um tempo, e depois evaporam, mas não sem antes encher os bolsos dos consultores, que são pagos a peso de ouro para prestar consultoria e dar palestras.
Mas o termo resiliência me veio à mente agora. É um termo que vem da Física e significa a capacidade de voltar à forma original depois de sofrer um esforço extremo Ou seja, ser flexível, não fazer frente e entender as mudanças, se adaptar, se moldar, porque senão você pode se quebrar. Este é a mensagem, em forma de desafio, que os arcanos de número 04 nos trazem.
4 de Ouros
Senhor do Poder Temporal
O 3 de Ouros trouxe sucesso e crescimento. Nos embriagamos neste sucesso e nos agarramos a ele de tal forma que perdemos a alegria de viver e de doar. Não o queremos perder de maneira nenhuma, e a energia fica estagnada. Não arriscamos, não brincamos, não compramos, não ousamos. Nossa auto-estima parece depender totalmente daquilo, e trememos de medo em arriscar. É o empresário sovina, que reluta em investir em novos projetos; o chefe agarrado ao cargo, que não dá chances a ninguém; a esposa possessiva que não permite que o marido nem olhe para o lado. Nestes casos é importante uma reavaliação das atitudes, pois quem tudo quer, tudo perde.
4 de Copas
Senhor do Prazer Harmonizado
O naipe de Copas é extremamente sonhador: o 2 de Copas nos trouxe o outro, o objeto do nosso amor, com o qual sonhamos e idealizamos; o 3 de Copas nos permitiu a consumação, a realização emocional. Mas como Copas sempre age nas nuvens, com os pés longe do solo, o 4 de Copas o traz mais próximo à terra. Neste momento, a realidade mata o romance, e o tédio se instala. O outro, com o qual passamos a conviver mais de perto, perdeu um pouco do seu encanto, e sentimo-nos traídos. Na verdade, tivemos expectativas irreais a respeito deste “outro”, e da negação destas expectativas vem o sentimento de traição e o ressentimento contra este “outro”. Estamos então aborrecidos, entediados, de “saco-cheio”, cheios de dúvidas. É a esposa que percebe que seu marido não é aquele príncipe encantado da época do namoro; é o empregado que murmura contra a empresa, pois o cargo que assumiu não é aquilo que esperava; é aquele curso superior tão sonhado que não atende às nossas expectativas.
4 de Espadas
Senhor do Descanso após a Luta
A ferida estourou no 3 de Espadas na forma de um conflito aberto e/ou abandono. Com o 4 de Espadas, chegou a hora de sarar as feridas. Para isso, é necessário um recolhimento, pois estamos feridos e magoados. Queremos, e é necessário, estar sozinhos, curtir a fossa, fazer uma reavaliação. Precisamos de um período de solidão e recolhimento. Porém, temos de saber a hora de reagir e acabar com esta fase, pois ela tende a ser estagnante, e podemos ficar “na fossa” por um período maior do que o aconselhável. Já li a respeito que se trata de um arcano muito comum em casos de convalescença.
4 de Paus
Senhor do Trabalho Perfeito
Chegamos ao mais evolutivo dos naipes. No 3, assentamos as bases sólidas para o futuro, e chegou a hora de aproveitar um pouco. Este arcano sugere recompensa, harmonia, favorecimento, paz, tranqüilidade. Podemos até ter dificuldades, mas elas são enfrentadas com serenidade e galhardia. E nossos esforços são reconhecidos, inclusive socialmente. Mas ainda estamos no início da fase secundária, e novos desafios virão.