O obediente pedaço de aço que é uma espada.
Próspero, um duque despojado do seu ducado pelas maquinações de antigos amigos, retira-se para uma ilha deserta, onde estuda as artes mágicas e planeja vingar-se dos que o traíram. Através da sua magia, libera o espírito Ariel, aprisionado muito tempo atrás no tronco de uma árvore por uma feiticeira malvada. Mas Próspero, por seu turno, sujeita Ariel à escravidão, obrigando esse bom espirito a servir aos seus negros propósitos, que envolvem o conjuro de uma tempestade fatal capaz de provocar o naufrágio e a morte dos que o traíram.
Shakespeare em A Tempestade, dramatiza a história de Próspero, Duque de Milão, que era um homem muito estudioso que muitas vezes preferia livros à administrar a cidade. Aproveitando-se de sua passividade, seu irmão Antonio conspira contra ele em aliança a Alonso, rei de Nápoles. A empreitada é exitosa e eles derrubam Próspero do poder e o deportam. Com a ajuda do fiel Gonçalo, Próspero consegue levar consigo seus maiores bens: os Livros e a pequena filha, Miranda, de 3 anos.
Próspero chega a uma pequena ilha cheia de magia e mistério que é dominada pela Bruxa Sicorax, porém com bastante esperteza e ajuda de seus livros ele a derrota, e liberta Ariel, um espírito/gênio mágico do ar, e passa a criar o monstruoso Calibã, filho da bruxa.
Próspero dominando poderes mágicos adquiridos com suas leituras provoca uma tempestade que causa o naufrágio do barco do Rei de Nápoles, onde estavam além do Rei Alonso, Sebastian o seu conselheiro, Antonio o irmão traidor, e Ferdinando o filho do rei de Nápoles.
Mais tarde, através da boa influência de Ariel, Próspero abandona voluntariamente o plano de vingança, faz amizade com os inimigos e liberta Ariel e outros que escravizara à sua magia negra. No fim, renuncia para sempre a essa espécie de mágica, deixa a ilha onde reinara absoluto, e regressa ao continente da humanidade coletiva, onde jura viver a vida e usar os talentos criativos que possui de maneira mais humana e consciente.
Sobre o que lemos acima, quero falar sobre o naipe de espadas, e sobre aqueles que usam os conhecimentos para atacar ou se vingar de outros por causa de acontecimentos do passado ou de situações presentes:
Graças as infinitas formas de se conseguir informação nos dias de hoje, muitas pessoas se tornaram adeptos das mais diferentes filosofias de vida, esotéricas ou religiosas, alguns com o pretexto de serem pessoas melhoras, outras apenas para satisfazerem suas necessidades psicológicas. Todo desconforto psicológico que uma pessoa sente, ou seja, qualquer problema no plano mental, pode ser curado usando um dos remédios abaixo:
1 – Depois que o individuo recebeu um bom conselho;
2- Depois de uma confissão mais ou menos completa, porém suficiente;
3- Depois de haver reconhecido um conteúdo essencial, até então inconsciente, cuja conscientização imprime um novo impulso à sua vida e às suas atividades;
4- Depois de libertar-se da psique infantil após um longo trabalho efetuado;
5- Depois de conseguir uma nova adaptação racional a condições de vida talvez difíceis ou incomuns;
6- Depois do desaparecimento de sintomas dolorosos;
7- Depois de uma mudança positiva do destino, tais como: exames, noivado, casamento, divórcio, mudança de profissão, etc;
8- Depois da redescoberta de pertencer a uma crença religiosa, ou de uma conversão;
9- Depois de começar a erigir uma filosofia de vida;
A questão é que as vezes, após a pessoa superar dada condição problemática no plano mental, essa solução, não é para uma vivência única e individual, essa pessoa quer mostrar, contar, impor para outros que participaram de seu passado essa nova condição.
Isso acontece muito com recém convertidos a uma nova religião, onde ao encontrar amigos do passado, afirmam “estou muito mais feliz do que eu era antes”, ou muitas vezes, usam isso como um mantra, quando as coisas não vão tão bem assim no novo caminho, mas a pessoa prefere continuar seguindo essa direção, para não ter que ter uma imagem de que teve uma derrota, ou perder o circulo social a que agora pertence.
Porém, o que mais me chama atenção, são aqueles que estudam em particular o Taro, e outras artes do ocultismo, que em dado momento do passado, pertenceram a religiões mais tradicionais, como o cristianismo, e agora se veem na obrigação de mostrar para todos que agora sim são felizes, que conhecem um caminho melhor, que estão mais próximos de Deus e o quanto eles são ignorantes pela fé que professam.
Agir dessa forma é agir como Próspero quando dominou a magia, usou toda a energia direcionada para a vingança e destruição daqueles do passado, unicamente para mostrar que agora ele tem mais poder, mais conhecimento, e pode fazer e subjugar quem ele quiser.
Esse tipo de poder, o poder da magia, de nada vale se for para tentar se vingar de outros do passado, por que mesmo que o individuo consiga cumprir esse objetivo, nada além do que destruição será plantada, e o propósito da Magia, é a evolução humana não apenas do humano que tem consciente da magia, mas de todos os humanos que a dominam ou não.
Próspero preferiu usar a energia de um 2 de Espadas para atacar a todos que um dia o feriram. Algumas pessoas já me perguntaram, se diante de um jogo com um 2 de Espadas, é inevitável não entrar em conflito na situação, mas se nós, mestres de Ariel, temos controle sobre a magia, podemos usa-la para levar a tempestade até nossos inimigos, ou usar essa mesma magia, para promover a transformação deles e consequentemente de nós mesmos.
Um antigo conhecimento Cabalístico diz:
Os seres que vivem aqui embaixo dizem que Deus está no alto, enquanto os anjos no Céu dizem que Deus está sobre a terra. Deus é conhecido por cada um segundo a profundidade de sua própria compreensão. Pois cada homem só pode se unir ao espírito de sabedoria quanto permite a vastidão de seu próprio espírito.
O seu conhecimento e a sua magia, pode ser usado como uma espada, ou pode ser usado como agente transformador daqueles que cruzarem o seu caminho, é um grande dilema, agir com as pessoas com menos consciência usando espadas, ou entregando-lhes chaves?
Ajudai a todos a encontrar seu próprio nível, em vez de tentar impor o mesmo igualmente a todos.