O Senhor dos Portões da Matéria
Uma gigantesca figura de diabo com a cabeça de bode, asas de morcego, tronco humano, pernas peludas e pés de pássaro senta-se sobre a metade de um cubo. A sua mão direita está levantada num gesto de rejeição saturnina contra os céus, ao passo que a sua mão esquerda segura o archote da destruição invertido. Duas figuras humanas, um homem e uma mulher, que possuem chifre e rabo, estão acorrentadas ao assento do diabo, suas correntes estando frouxas como que para permitir que escapem. A mente inferior que, como a cabra montês, escala os pináculos do mundo material, mantém a alma cativa até que, com determinação, escapamos dos seus grilhões. Embora extremamente terrível, o bode do mundo nao possui o poder verdadeiro de evitar que o homem alcance o seu destino celeste. Ao deixarmos de nos submeter à ilusão demoníaca começamos a encarar os apegos e as preocupações mundanos como ridículos, e rimos o riso dos deuses.
SIGNIFICADO DIVINATÓRIO
Subordinação. Ruína. Sujeição. malevolência. Subserviência. Queda. Falta de Sucesso. Experiências sobrenaturais. Maus conselhos ou más influências exteriores. Magia negra, fracasso inesperado. A pessoa parece não ser capaz de perceber os seus objetivos. Dependência de uma outra pessoa, que leva à infelicidade. Violência. Choque. Fatalidade. Autopunição. Tentação para o mal. Autodestruição. Desgraça. Influência astral. Quebra de auto-expressão da pessoa, a ponto de torná-la incapaz. Indivíduo de mau temperamento. Ausência de humor, exceto à custa dos outros. Falta de princípios. Falta de ética.
SIGNIFICADO CABALÍSTICO
- Vigésimo Sexto Caminho: De Hod a Tiphareth
- O CAMINHO DE AYIN (O DIABO )
- A Décima Quinta Carta .
- Cor do Caminho — Índigo .
- Som relacionado — Lá natural .
- Signo — Capricórnio (Terra Cardeal) .
- Significado — Olho .
- Letra Simples — Júbilo .
- Título Esotérico — O Senhor dos Portões da Matéria; o descendente das Forças do Tempo.
- Letra hebraica: AYIN
O Vigésimo Sexto Caminho é chamado de Inteligência Renovadora, pois através dele o Sagrado Deus renova todas as coisas mutantes que são renovadas pela criação do mundo.
O Caminho de Ayin, O DIABO, liga Tiphareth, núcleo da consciência do Sol, a Hod, a esfera de Mercúrio e do intelecto. O vigésimo sexto Caminho é formativo e, em termos da estrutura do Eu superior, é uma ponte intelectual entre a Personalidade e a Individualidade.
De todos os Caminhos, esse talvez seja o de compreensão mais difícil por parte daqueles cujas raízes estão fincadas em culturas ocidentais, pois sua interpretação vai contra o significado que a maioria das pessoas associa ao Diabo. Em termos Cabalísticos o Diabo não é visto como uma entidade maléfica dotada de existência independente. E, além disso, representa um mistério especial que deve ser desvendado antes que a pessoa possa conhecer o Princípio Superior do Eu. O Diabo, que é o adversário, é o Senhor da forma manifesta, que temos de enfrentar e vencer.
O DIABO representa a falsa percepção da realidade por parte da pessoa comum; a crença da nossa condição material é “real” no verdadeiro sentido da palavra. Essa falsa percepção é aqui simbolizada de duas formas: em primeiro lugar, pretende-se que o Diabo seja visto como uma figura cômica, o bicho-papão da nossa infância coletiva. Na nossa crença da ilusão de matéria criada pelas energias simbolizadas por esta carta é efetivamente risível, e aqui está mais do que claro que o riso e o bom humor são ferramentas que nos ajudam a transcender a ilusão. Temos que aprender a não levar a sério das ilusões do mundo material. A hilaridade é o primeiro grande corretivo.
Em segundo lugar, nossa percepção equivocada da verdadeira natureza das coisas é sugerida pelo pentagrama invertido na cabeça do Diabo. O símbolo sagrado da humanidade, virado de cabeça para baixo, significa que a própria visão de mundo da maioria das pessoas, e seu relacionamento com uma realidade espiritual, estão de cabeça para baixo.
O significado da letra Ayin, olho, significa que a lição desta carta é a reorganização de perspectiva, uma nova visão das coisas. O olho simboliza tanto a aceitação da realidade do que vemos no mundo sensorial como também uma visão maior decorrente do uso da visão interior. Aceitar o que o nosso olho físico nos mostra significa nos sujeitarmos à ilusão e ao cativeiro, um estado simbolizado nas cartas da Aurora Dourada e de Waite pelas figuras acorrentadas. As figuras têm chifres para mostrar que, embora sem terem consciência disso, elas são servas dessa criatura cômica.
Ideia Fundamental
Da consciência do mundo vamos para a sabedoria de Deus. A beleza e o esplendor da iluminação divina acenam para nós do ápice do equilíbrio, e nos livramos da ilusão para poder alcançá-la.
Lema: “Não podeis vós, pobre Diabo, dar-me seja lá o que for? Quando foi que uma alma humana, no seu supremo esforço, alguma vez foi compreendida por alguém como vós?”(Goethe: Fausto, Parte I)