O simbolismo da coroa baseia-se em três fatores principais: o local do corpo onde é colocada, sua forma em círculo e o material de que é feito, entre outros, denota poder, autoridade, liderança, legitimidade, imortalidade e humildade.
Numa primeira leitura, a coroa simboliza as virtudes mais elevadas que existem no homem, eis o motivo de cingi-la sobre a cabeça, a “cúspide” do microcosmo humano, isto é, naquela parte do mesmo que se corresponde com o Céu, cuja forma circular a coroa reproduz. Mas, precisamente por isso, a coroa também expressa o que está por “cima” ou “além” do Cosmo e do homem: a realidade do divino e do transcendente. Poder-se-ia dizer que no significado da coroa coincidem, pois, as qualidades mais nobres e superiores do ser humano e, ao mesmo tempo, aquilo que as transcende por constituir o arquétipo das mesmas.
Em sociedades monárquicas é comum que as pessoas que não tem uma posição na hierarquia real usem “chapéus”, para mostrar ou destoar diante de todos a elevação do líder maior (o Rei ou Rainha) pelo uso da coroa, como se fosse o mais elevado entre todos, pela nobreza, virtude, autoridade, imortalidade e humildade. Não só chapéus, mas também “coroas menores”, em relação ao do Rei ou até mesmo Imperador. Vejamos por exemplo a época do Pariato ibero-brasileiro, onde além do Imperador (a maior coroa), tínhamos coroas menores para Duque, Marquês, Conde, Visconde e Barão. Outros membros da sociedade que tinham uma elevada posição social, poderiam não usar coroas, mas usavam chapéus grandes e chamativos para afirmar essa posição, e da mesma forma não usar um adorno na cabeça, mostrava a simplicidade ou pobreza da pessoa, muitas vezes não só relacionado a posição social, mas até mesmo sobre a “qualidade de espirito” da mesma.
O significado simbólico de coroa é muito similar ao do chifre dos animais, e remete à ideia de elevação e iluminação. Tanto o chifre como a coroa estão elevados acima da cabeça, e são distintivos de poder e luz. Nas espécies de animais que possuem chifres, o líder do banco normalmente é o que tem os maiores chifres, e esse símbolo foi transposto para a imagem da coroa, principalmente na era medieval, onde a hierarquia real era representada também no tamanho da coroa.
A questão da “legitimidade” de se usar uma coroa também é um questão relevante. Na idade média, nas artes, são comuns exemplos de pinturas onde anjos entregam coroas aos homens, ou melhor, a um homem como simbolo de que esse homem foi escolhido por “Deus” para ser o Rei, uma forma de representar uma autoridade divina.
Porém o uso de adornos na cabeça não é uma criação medieval: o uso de adornos de cabeça para indicar governantes data da pré-história, e pode ser encontrado em diversas civilizações, em diversas épocas. Por vezes, o objeto incorpora pedras e metais preciosos, mas há coroas de plumas (civilizações pré-colombianas) ou mesmo simples fitas apostas à cabeça.
Essa identificação se visualiza muitas vezes como a “conquista” de um estado espiritual (ou supra-individual), que é o que, efetivamente, “coroa” a realização de dito processo, ou seja, “legitima-o” (ou o faz verdadeiro e certo, que é o que esta palavra significa realmente), investindo a quem o complementa de uma autoridade que emana diretamente do próprio poder de Deus, o Rei Supremo, ou Rei do Mundo. Este é o sentido que tinham na Antiguidade os ritos de coroamento dos reis, os chefes de um povo ou de uma comunidade tradicional, que eram tais porque antes tinham chegado a ser os reis e chefes de si mesmos, governando de acordo com a Vontade do Céu, à qual representavam ante seus súditos. O verdadeiro coroamento (que é uma “consagração” ou assunção plena do sagrado) ocorre no mais secreto, no coração, onde se estabelece a “aliança” que sela a união com a Deidade, sendo então a coroa um signo externo e distintivo que confirma a posse da autêntica realeza interior.
Por outro lado, não podemos deixar de mencionar as estreitas vinculações que se dão entre a coroa e os cornos, os quais também se cingiam sobre a cabeça, e simbolizam exatamente o mesmo que aquela. Os cornos são um atributo da potência do Espírito que “desce” à natureza do homem, ao qual fecunda e transfigura integrando-o na entidade superior, que é seu verdadeiro Si Mesmo. Igualmente, é evidente a relação que existe entre os cornos e o raio, e desta forma com o relâmpago, e recordaremos, a este respeito, que as coroas mais antigas estavam enfeitadas de pontas que se assemelhavam aos raios luminosos. O mesmo poderia se dizer da coroa de espinhos que portava o Cristo Rei durante sua Paixão. Com tudo isso, busca-se destacar o aspecto solar destes símbolos, que também aparece na coroa de louros (símbolo eminentemente solar) levada pelos imperadores romanos e com a qual eram coroados os heróis, mas sem esquecer que dito aspecto se complementa com o simbolismo polar, que é o mais primordial.
Efetivamente, ambas as palavras, coroa e cornos, procedem de idêntica raiz linguística, KRN, a mesma de Kronos, ou Cronos, que é o nome grego de Saturno, a mais alta e elevada das esferas planetárias e considerado como o rei da Idade de Ouro. Também a achamos em Karneíos, que era um dos nomes que recebia entre os gregos o Apolo hiperbóreo (Apollón Karneíos), o deus do “alto lugar” (Karn), sendo esse lugar a própria cúspide da Montanha sagrada do Pólo (o Eixo do Mundo), sede da Tradição e da humanidade primigênia. Aparece deste modo na palavra crânio, que é, efetivamente, a parte mais elevada da coluna –ou eixo– vertebral. Sendo o crânio um símbolo da abóbada celeste, seu extremo superior equivaleria então à Estrela polar, chamada o “ápice” do Céu porque ela “coroa” todo nosso universo visível.
Na Grécia e na Roma antiga, a coroa era um símbolo de consagração, e num ritual de sacrifício, tanto o sacrificado quanto o sacrificador eram coroados, isto porque os deuses se afastavam de quem se aproximava deles sem coroa. Assim, para que o sacrificado fosse aceito pelos deuses, deveria estar também coroado e ter uma vida exemplar e nobre.https://vimeo.com/288968699
Tipos de Coroas
Uma coroa pode ser feita de diferentes materiais, e cada um deles pode atribuir à coroa um significado diferente.
Na realeza, esse ornamento apresenta caraterísticas diferentes de acordo com os títulos e países. Assim, existem dezenas de coroas, todas, entretanto, denotam a afirmação do estatuto de quem a usa.
Na cultura judaico-cristã, há basicamente a coroa real, a coroa sacerdotal, ambas atribuídas por Deus, e a coroa atribuída como prêmio pelo rei a atletas vitoriosos, como um reconhecimento de seu esforço, sendo uma recompensa por uma façanha ou méritos excepcionais.
No antigo baixo Oriente, somente os deuses e reis usavam coroas. A coroa simbolizava soberania, e também a concentração de forças exteriores e interiores.
As coroas também são usadas em ritos nupciais, nos casamentos orientais como uma consagração das virgens, que usam como principais símbolos o véu, um anel e a coroa.
Coroa de Flores — simboliza a eternidade.
Embora hoje esteja particularmente referenciada em funerais, há muitos anos as coroas de flores também estavam presente em comemorações na Antiga Grécia.
Nos funerais, era utilizadas em formato pequeno para coroar as pessoas falecidas, em homenagem. Atualmente são grandes e colocadas em pedestais.
Coroa do advento — simboliza a preparação feita pelos cristão para a chegada de Jesus.
Nessa coroa feita de folhagens são colocadas quatro velas, as quais são acesas uma a uma, nas quatro celebrações dominicais que antecedem o Natal. A coroa é colocada na igreja em local de destaque.
Coroa de espinhos — símbolo do sofrimento de Jesus que se sacrificou pela remição dos pecados da humanidade.
Antes de ser condenado à crucificação, Jesus foi coroado com uma coroa feita de espinhos por aqueles que não acreditavam na afirmação de Jesus que se intitulava como o rei dos judeus. Como rei, deveria ser coroado, mas como não acreditavam na sua palavra, zombando de Jesus o coroaram com espinhos.
Coroa de Louros — símbolo da vitória, comumente utilizada por atletas.
Esse símbolo tem origem com a mitologia da ninfa Dafne por quem Apolo se apaixonou. Tendo o seu amor rejeitado passou a perseguir Dafne, que aflita pede auxílio para o pai para esconder-se de Apolo.
Seu pai atende o seu pedido a transformando num loureiro. Apolo, por sua vez, encontra a forma de estar sempre junto do seu grande amor ao a partir desse episódio passar a utilizar uma coroa de louros.
Sendo um dos deuses mais importantes da mitologia, é um dos deuses olímpicos e protetor dos atletas. Por conta disso, a coroa de louros passou a ser utilizada pelos vencedores dos jogos olímpicos.
Coroa das Sete Dores de Nossa Senhora — simboliza, para os católicos, as dores que Maria, como mãe de Jesus, teria sofrido na terra.
Assim, os devotos, fazem uma novena rezando pelas seguinte dores: A Apresentação de Jesus no Templo e a profecia de Simeão, A fuga para o Egito, A perda do Menino Jesus no Templo, O encontro com Jesus no Caminho do Calvário, Maria ao pé da cruz de Jesus, Maria recebe o corpo de Jesus morto em seus braços, Maria deposita Jesus no sepulcro.
Tiara papal
A Tiara papal, Tríplice Tiara ou Tiara Tripla (em latim: Triregnum, em italiano: Triregno e em francês: Trirègne) é a “coroa papal, uma rica cobertura para a cabeça, ornamentada com pedras preciosas e pérolas, tem a forma de uma colmeia, possui uma pequena cruz no ponto mais alto, e também é equipada com três diademas reais”. Os papas poderiam usar uma tiara já existente, ordenando que seu tamanho fosse ajustado, ou poderiam confeccionar uma nova; ele recebia a tiara na cerimônia de coroação após sua eleição, que inaugurava seu pontificado, e uma vez que a “tiara é um ornamento não-litúrgico”, a partir daí era usada apenas em “procissões papais, e solenes atos de jurisdição”, sendo que “o papa, como os bispos, veste uma mitra pontifícia nas funções litúrgicas”.
A origem da tiara papal é incerta. Os historiadores concordam que trata-se de uma lenda a afirmação que o Papa Silvestre I (314–335) recebeu a tiara do imperador Constantino como um sinal da liberdade e paz na Igreja. Segundo M. Pfeffel, Clóvis I ofertou ao Papa Símaco a tiara papal na igreja de São Martinho, em Tours no século V. Porém um ornamento branco usado na cabeça do papa é registrado pela primeira vez apenas na biografia do Papa Constantino no século VIII no “Liber Pontificalis”. Essa cobertura é chamada de camelaucum ou phrygium. De acordo com James Noonan-Charles e Bruno Heim, a mais baixa das três coroas apareceu na base da chapelaria branca tradicional dos papas no século IX, quando os papas assumiram efetivamente o poder temporal nos Estados Pontifícios, a coroa da base foi decorada com jóias para assemelhar-se as coroas dos príncipes. Assim, esta cobertura de cabeça passou a se chamar Regnum. O termo “tiara” é citado pela primeira vez na biografia do Papa Pascoal II, no Liber Pontificalis, em 1118.
Bruno Heim sugeriu que uma segunda coroa foi adicionada pelo Papa Bonifácio VIII em 1298, na época do confronto com o Filipe, o Belo, Rei da França, para mostrar que a sua autoridade espiritual era superior a autoridade civil, assim a tiara passou a ser denominada de Biregnum. No entanto, um afresco da Capela de São Silvestre (consagrada em 1247) na igreja Santi Quattro Coronati, em Roma, representa um Papa vestindo uma tiara de pano com duas coroas, o que indica que o Biregnum tem uma origem anterior.
Os historiadores divergem quanto à data e quem acrescentou à terceira coroa, com a qual a tiara passou a ser denominada de Triregnum. São sugeridos os papas João XXII (1316–1334), Urbano V (1362–1370), Clemente V (1305–1314), Bento XI (1303- 1304), ou Bento XII (especificamente em 1334).
- A coroa dupla assume, assim, o mesmo significado da autoridade pontifícia e imperial;
- A terceira coroa vem acrescida, segundo alguns autores, durante o pontificado de Bento XI (1303- 1304), para outros no de Clemente V (1305–1314), ou ainda, para outros tantos, em 1334, com Bento XII, para demonstrar que o papa representava as três Igrejas triunfante, militante e purificadora, ou mesmo o domínio sobre as regiões do Céu, da terra e do Inferno, ou ainda a tríplice soberania do chefe da Igreja, consistente na soberania espiritual sobre as almas; regalias temporárias sobre Estados romanos; soberania eminente sobre todos os soberanos da terra e a quem se denomina “triregnun”.
- Alguns consideram como um símbolo esotérico em referência a Alquimia: Sal, Mercúrio e Enxofre (A Teoria do Paracelsus);
As Coroas no Tarô
Como seria de se esperar, as principais referências que temos no Tarô para “Coroa” são nas cartas reais, nos quatros Reis e nas quatro Rainhas. Mas nos Arcanos Maiores, em especial do Tarô de Marselha, temos na Sacerdotiza, Imperador, Imperatriz e no Papa o mesmo simbolo, com diferentes características, correspondendo do cargo de poder:
A Papisa (Sacerdotisa) usando uma Tiara Papal de duas coroas, e a Imperatriz usando uma Coroa Real;
O Imperador com uma coroa Real, e o Papa com uma tiara Papel de duas coroas.
Já no Tarô de Rider Waite, a Sacerdotisa não chega a usar uma coroa no formato de uma tiara Papal, mas sim uma coroa com formato Lunar, representando o domínio e autoridade sobre os “mistérios femininos”:Já na carta da Imperatriz, temos a coroa das nações, um simbolo para representar a fertilidade desse arcano “mães das nações” ou a “mãe dos homens”:Na carta do Seis de Paus, temos a coroa de Louros, representando a vitória de uma conquista ou desafio que o nosso personagem superou:
E nos quatro Reis e Rainhas, temos novamente as coroas, mas reparem que os adornos representam o elemento onde cada um deles tem autoridade:
Rei e Rainha de Paus com domínio sobre o Fogo
Rei e Rainha de Espadas, com enfeites da Coroa no formato de borboletas (domínio sobre o Ar)
Rei e Rainha de Ouros, Domínio sobre a Terra
Rei e Rainha de Copas: Domínio sobre as Águas
E na carta do Papa, a tiara Papel representada com as três coroas:
REFERÊNCIAS
A Coroa — Marcelo Deldebbio https://www.deldebbio.com.br/a-coroa-2/
A Tiara Papal:
- http://adoremoscommaria.blogspot.com/2013/08/a-tiara-papal.html
- https://pt.wikipedia.org/wiki/Tiara_papal
Coroa — Dicionário de Simbolos: https://www.dicionariodesimbolos.com.br/coroa/
Every Society Invents the Failed Utopia it Deserves — Public Domain Review https://publicdomainreview.org/conjectures/every-society-invents-the-failed-utopia-it-deserves/